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Por Vlamir Dias

Não canso de dizer o quanto a vida judaica é rica de sentidos profundos e muito elevados. Em meus primeiros contatos com o judaísmo logo aprendi que não existe folclore em nada que nossos sábios estabeleceram e nosso povo assimilou como costume.

Tu BeAv é maia uma das datas que figuram no calendário judaico, desta vez, ligada a Amor e Renascimento.

Alma Gêmea: mito ou verdade?

Por Deby Stiefelmann

"Como posso ter certeza que a pessoa com quem pretendo me casar é minha alma gêmea? Tenho medo de assumir um compromisso tão sério sem ter certeza de que ela realmente é a segunda metade da minha alma."

Ouço essas dúvidas com muita frequência, mas tudo tem o seu momento. Há ocasiões em que é preciso estar ciente que existe uma alma gêmea. Outras vezes não devemos nem esquentar a cabeça quanto a isso!

No caso de um indivíduo solteiro, sozinho e às vezes aflito, é vital que ele tenha em mente que sua alma gêmea existe, alguém que foi criado especialmente para ele, e que esse alguém vai aparecer em sua vida – quem sabe amanhã, ou na semana que vem, ou talvez até no ano que vem. Ele deve estar completamente certo de que isso irá acontecer.

Por que pensar deste modo é "vital"? Porque senão, ele tenderá a cair na armadilha da desesperança: "Talvez eu tenha sido criado para viver solteiro... Se este é o meu destino na vida, devo me resignar a viver sozinho!"

É preciso que ele saiba sem a menor sombra de dúvida, e é dever de todos os seus próximos advertí-lo que existe alguém para todo mundo. Existe um outro momento na vida em que acreditar em alma gêmea é essencial: depois do casamento! Pois todo casamento tem seus desafios e momentos de crise. Nessas horas é vital lembrar de que se está casado com sua “alma gêmea”, sem dúvida com a pessoa realmente certa.

Pensar assim é essencial pois senão, seria possível passar a vida toda pensando: "E se eu tivesse me casado com outra pessoa?" Temos que ter convicção de que cada casamento é uma combinação de D’us. Que a pessoa com quem se convive é a sua alma gêmea e que ambos perfazem um todo. Por isso, vale a pena se dedicar e investir no relacionamento conjugal para que se fortaleça e se renove cada vez mais.

Existe, porém outro momento no ciclo da vida no qual a crença na alma gêmea pode ser contraprodutiva: é a época em que um casal está se conhecendo, saindo, namorando, ou qualquer que seja a terminologia. Nesta fase deve-se enxergar a pessoa real à sua frente, conhecer sua personalidade, caráter, valores e aspirações. Alguém conhece os meandros de sua própria alma, para pretender enxergar a alma dos outros? Nesse estágio do relacionamento mais importante é avaliar se a pessoa ao seu lado é boa, se compartilha das mesmas crenças que você, se há boa comunicação entre vocês, se os dois andam na mesma direção, se têm os mesmos objetivos na vida.

Para concluir, qualquer que seja a fase é necessário parar de ficar esperando sinais do céu. Os sinais estão aqui na terra. Se você encontrar uma conexão com alguém que é bom pra você, não deixe passar a chance de manter essa sintonia pelo resto da vida. E deixe a conexão das almas nas mãos de D’us!

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Fatos relacionados 

Fim da morte dos judeus no deserto (1274 AEC)

 

Como consequência do incidente dos "Espiões" no qual a geração saída do Egito sob a liderança de Moshê demonstrou sua falta de preparo para a tarefa de conquistar e colonizar a Terra Santa, D’us decretou que toda a geração morreria no deserto. Após 38 anos vagando pelo deserto, a morte deles finalmente cessou, e uma nova geração de judeus estava pronta a entrar na Terra Santa. Era o dia 15 de Av do ano 2487 da Criação (1274 AEC).

Termina a proibição do casamento intertribal (13º século AEC)

 

Para assegurar a divisão ordenada da Terra Santa entre as doze tribos de Israel, tinham sido feitas restrições sobre casamentos entre membros de duas tribos diferentes. Uma mulher que tivesse herdado terras tribais de seu pai estava proibida de casar-se fora de sua tribo, para que seus filhos – membros da tribo do pai – não causassem a transferência de terras de uma tribo para outra ao herdar sua propriedade (Bamidbar 36). Esse decreto foi válido apenas durante a geração que conquistou e colonizou a Terra Santa durante o período de 14 anos, 2488-2503 (1273-1258 AEC); quando a restrição foi levantada, a 15 de Av, o evento foi considerado motivo para celebração e festividades.

A tribo de Benjamin foi readmitida (cerca de 1228 AEC)

 

15 de Av foi o dia no qual a tribo de Benjamim, que tinha sido excomungada por seu comportamento no incidente da "Concubina em Givá", foi readmitida na comunidade de Israel (como está relatado em Juízes 19-21). O evento ocorreu durante o mandato de Othniel ben Knaz, que liderou o povo de Israel nos anos 2533-2573 da Criação (1228-1188 AEC).

Os obstáculos de Jeroboam são removidos (574 AEC)

 

Com a divisão da Terra Santa em dois reinos, após a morte do Rei Salomão no ano 2964 (797 AEC), Jeroboam ben Nebat, governador do independente Reino Norte de Israel, colocou obstáculos na estrada para impedir seus cidadãos de fazerem a peregrinação trianual ao Templo Sagrado em Jerusalém, capital do Reino Sul da Judéia. Estes foram finalmente removidos 200 anos depois por Hosea ben Eilá, o último rei do Reino Norte, a 15 de Av, 3187 (574 AEC).

Os mortos de Betar são sepultados (148 EC)

 

A Fortaleza de Betar foi a última cidadela da rebelião de Bar Kochba. Quando Betar caiu a 9 de Av de 3893 (133 EC), Bar Kochba e milhares de judeus foram mortos; os romanos massacraram os sobreviventes da batalha com grande crueldade, e nem sequer permitiram que os judeus enterrassem os seus mortos. Durante 15 anos, seus restos mortais permaneceram espalhados no campo de batalha. Quando os mortos de Betar foram finalmente sepultados a 15 de Av do ano 3908 (148 EC), uma bênção adicional (HaTov VehaMeitiv) foi acrescentada à "Graças Após as Refeições" em comemoração.

Dia de formar “pares”

 

No antigo Israel, era costume que a 15 de Av as "filhas de Jerusalém saíssem com vestes de linho emprestadas (de modo a não constranger aquelas que não tivessem belas roupas)… e dançar nos vinhedos" e "aqueles que não tivessem uma esposa podiam ir até lá" para encontrar uma noiva (Talmud, Taanit 31a).

"O dia da quebra do machado"

 

Quando o Templo Sagrado ainda existia em Jerusalém, o corte anual de madeira para o altar era concluído a 15 de Av. O evento era celebrado com festividades e júbilo, como é o costume após a conclusão de um trabalho sagrado, e incluía uma quebra cerimonial dos machados, que davam seu nome ao dia.

Leis e Costumes:

 

Tachanun é omitido.


Devido aos alegres eventos ocorridos nessa data nossos Sábios consideraram o 15 de Av como sendo um dos dois dias mais auspiciosos do calendário judaico (o outro é Yom Kipur – Talmud, Taanit 26b). Mesmo assim, não são ordenadas quaisquer observâncias ou celebrações especiais pela Halachá (Lei da Torá) ou costume, além da omissão de Tachanun (confissão dos pecados) e porções similares das preces diárias, como é o caso com todas as datas festivas. Começando a 15 de Av, deve-se intensificar o estudo de Torá.

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15 de Av o que saber a respeito?

A menção do mês de Av nos faz automaticamente ligar com o trágico acontecimento que nele ocorreu - o dia de Tish'á Beav, onde, entre outras desgraças, os dois Templos Sagrados foram destruídos. Após o difícil período das três semanas, em que mantemos costumes de luto, começa o período de consolo, em que D'us volta-se a nós, após termos retornado a Ele.

No dia quinze de Av - Tu Beav, o contraste torna-se mais aparente. Este é um dia de alegria, em que vários acontecimentos positivos aconteceram ao longo da história. Todos eles, marcam o término de algum fato negativo que estava ocorrendo em nosso povo. A demonstração de que D'us não mais estava irado conosco. Já pagamos pelos nossos atos. Nosso Pai nos espera agora de braços abertos. Está na hora de voltar...

Uma pesquisa no Código da Lei Judaica não revela observâncias ou costumes para esta data, exceto pela instrução que, a partir de quinze de Av, deve-se aumentar o estudo de Torá, pois nesta época do ano as noites começam a alongar-se, e "a noite foi criada para o estudo." E o Talmud nos diz que, muitos anos atrás, as "filhas de Jerusalém iam dançar nos vinhedos" em quinze de Av, e "quem não tivesse uma esposa podia ir até lá" para encontrar uma noiva

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E este é o dia que o Talmud considera a maior festa do ano, bem perto de Yom Kipur!

Vamos explicar aqui um pouco sobre cada fato que ocorreu nesta data. Esperamos que, se D'us Quiser, neste ano seja somada a lista a união total entre nosso povo e Hashem, com a vida de Mashiach, que tanto ansiamos e necessitamos.

1 - O dia em que acabaram-se os mortos do deserto

Após o pecado dos espiões, em que o povo, guiado por seus líderes, não confiou nas palavras de D'us e não quis entrar na Terra de Israel, esta geração foi condenada a uma jornada de quarenta anos no deserto, até que todos acabassem falecendo, e então a geração mais nova ingressaria na Terra. Como o pecado ocorreu em Tish'á Beav, as mortes também ocorriam nesta data. Neste dia, todas as pessoas cavavam covas para si mesmas, e dormiam dentro delas. No dia seguinte, os que estavam vivos levantavam-se, e eram sempre quinze mil o número daqueles que pereciam.

No último Tish'á Beav antes da entrada na Terra de Israel, todos os que haviam deitado dentro de suas covas, levantaram-se no dia seguinte. A princípio, pensaram que tivesse havido algum engano na contagem dos dias, e por este motivo, continuaram a dormir nas covas nos dias que se seguiram e continuaram vivos, até que no dia 15 viram a lua cheia, e tiveram certeza que o dia de Tish'á Beav havia passado sem que ninguém falecesse.

2 - Casamentos entre as tribos e entre o povo e a tribo de Binyamin foram permitidos

Desde a entrada na Terra de Israel, até o acontecimento de "Pileguesh Baguiva" (em que a tribo de Binyamin foi penalizada por seu comportamento incorreto), havia dois tipos de casamentos que foram proibidos:

a - Casamentos entre as tribos: esta proibição foi transmitida por Moshê. Uma filha que tivesse herdado um terreno de seu pai, não poderia casar-se com um homem pertencente a outra tribo, pois desta forma, o terreno passaria a pertencer também a seu marido, prejudicando a tribo da qual ela provinha que perderia o direito sobre as terras. (Os primeiros quatorze anos na Terra de Israel foram dedicados à conquista e distribuição das terras entre as tribos.)

b - Casamentos entre qualquer tribo e a tribo de Binyamin: Após o acontecimento de Pileguesh Baguiva, o povo fez a seguinte promessa: "Nenhum de nós dará sua filha a Binyamin por esposa."

Após anos, os Sábios analisaram estas proibições e, sob inspiração Divina, chegaram a conclusão que os casamentos eram proibidos apenas por um certo período. Os casamentos entre as tribos foram proibidos por quatorze anos, tempo marcado pela ausência de uma demarcação fixa de terra que seria mais tarde destinada a cada tribo, o que naquela época impossibilitava as transferências de terra. Passado este período, a transferência das terras tornou-se viável.

Os Sábios também provaram, que a promessa de não casar-se com a tribo de Binyamin era apenas para aquela geração, pois disseram: "Nenhum de nós" - e não "Nenhum de nosso filhos".

As duas permissões foram dadas no mesmo dia: em Tu Beav. Por isso, este dia foi marcado por grande alegria e união entre nosso povo.

3 - O dia em que foi permitida a subida à Jerusalém

 

O perverso rei de Israel, Yerovam ben Nevat, havia retirado o trono real de Jerusalém, que D'us havia indicado como o centro do povo. Este postou dois bezerros de ouro, um em Dan e um em Bet El, para que o povo os idolatrasse. Contudo, muitas pessoas do povo continuaram subindo para Jerusalém, que sempre fora o centro espiritual do povo. Para impedi-los de ir a Jerusalém, Yerovam espalhou várias barreiras e guardas nos caminhos que as levavam até lá.

Estes obstáculos existiram até os últimos dias do reinado de Israel, quando o rei Hoshea ben Ela os anulou, e declarou: "Todo aquele que deseja subir a Jerusalém, que suba". Isto ocorreu no dia de Tu Beav, e foi motivo para grande alegria.

Apesar deste grande feito, o rei acabou sendo castigado. Antes dele, o povo também era idólatra, porém, a culpa recaiu sobre o rei, que não permitia que eles fossem a Jerusalém a procura de sua verdadeira espiritualidade. Hoshea permitiu que subissem a Jerusalém, dizendo "quem quiser - que vá". Porém, sua obrigação como rei era encorajar o povo a fazê-lo, coisa que nem ele mesmo fazia, por também não andar no bom caminho. Enquanto a culpa pertence ao indivíduo, D'us não castiga o povo. Porém, quando Hoshea anunciou a permissão, todo o povo foi culpado por não ter subido à Jerusalém, e por este motivo, acabaram sendo exilados.

4 - O dia em que terminavam de trazer lenha ao Templo

 

Após a reconstrução do Segundo Templo Sagrado, nos dias de Ezra e Nechemia, era grande a dificuldade de encontrar árvores para utilização da madeira na queima dos sacrifícios no altar, pois a terra encontrava-se devastada. Por isso, quando alguém doava lenha ao Templo, seu ato era meritório e muito festejado. Afinal, se não houvesse lenha não haveria possibilidade de oferecer sacrifícios, e o ofício do Templo teria que ser cancelado. Tão significativa era a importância deste ato, que os inimigos, desejosos de arruinar os serviços do Templo Sagrado, impediam as pessoas de chegar com lenha a Jerusalém.

O última dia do ano em que cortava-se lenha para o Templo era o dia quinze de Av. Após esta data, o calor do sol já não era tão intenso, e as madeiras, que não estavam tão secas, corriam o risco de serem infestadas por insetos, invalidando sua utilização no altar. Portanto, o último dia de verão, em que a mitsvá das lenhas era terminada, era festejado com grande alegria.

5 - Os mortos de Betar foram enterrados

 

Adriano, o perverso imperador romano, havia feito um genocídio na cidade de Betar, e para ter maior prazer com a derrota dos valentes sábios judeus, deixou seus corpos abandonados, jogados em um vinhedo. Após um certo tempo, ascendeu um novo rei que permitiu que estes corpos fossem finalmente enterrados. Todo o povo uniu-se para cuidar do enterro de seu irmãos. Isto ocorreu no dia de Tu Beav.

Nesta data, os Sábios acrescentaram a bênção de Hatov Vehametiv - o "Bom que faz o bem", no Bircat Hamazon. E explicaram: "O Bom" - pois os corpos não apodreceram enquanto não haviam sido enterrados. E "que faz o bem" - pois fez com que acabassem sendo enterrados.

Assim como nós abençoamos D'us pelos milagres que faz, devemos abençoa-lo por acontecimentos que não nos parecem tão positivos, e acreditar que tudo que vem Dele é para o bem.

Fonte: Chabad.

Shabat Nachamu - Consolo duplo!

"Shabat Nachamu" é o primeiro Shabat depois de Tisha B'Av, quando recordamos a destruição do Templo Sagrado. Após a leitura da Torá, lemos a Haftará que começa: "Nachamu, Nachamu – consolai, consolai-vos, Meu povo."

Nossos Sábios explicam o uso duplo da palavra "consolai". O povo judeu cometeu um pecado duplo… recebeu um castigo duplo… e portanto é confortado duplamente." Em outro local, nossos Sábios comentam: "Como seus mandamentos [da Torá] são duplos, assim também nossos consolos são duplicados."

Por que esta ênfase no número dois? Como um pecado pode ser dobrado? E o que significa a declaração que os mandamentos são "dobrados"?

Os termos "dobrado" e "duplo" referem-se a duas dimensões diferentes. Tudo numa vida judaica – a Torá e seus mandamentos, a destruição do Templo Sagrado e nosso consolo – reflete esta dualidade, pois tudo no mundo é composto de um componente físico e um espiritual.

Um judeu é uma mistura de corpo e espírito, que juntos formam um ser completo. Um judeu é considerado inteiro quando seu corpo e sua alma estão funcionando juntos para servir a D’us. As mitsvot são semelhantes, compostas destas duas dimensões.

Toda mitsvá contém um componente espiritual – as intenções por trás dela – e um componente físico – a maneira pela qual a mitsvá é cumprida.

É isso que nossos Sábios querem dizer quando declaram que as mitsvot da Torá são "duplas"; similarmente, o "pecado duplo" cometido pelo povo judeu refere-se aos aspectos físicos e espirituais do pecado.

Da mesma forma, a punição que se segue – a destruição do Templo Sagrado – foi tanto espiritual quanto física. A destruição não foi limitada às pedras do Templo; o povo judeu foi punido também com a ocultação de D’us. O próprio Templo Sagrado reflete esta dualidade. O Templo era uma estrutura física. Porém, a luz Divina com a qual era iluminado era infinita por natureza. Sua destruição foi portanto um golpe duplo, pois afetou estes dois aspectos.

Quando o Templo Sagrado for reconstruído na Era Messiânica, nosso consolo será duplicado porque envolverá ambas as dimensões: não somente a estrutura física do Templo será restaurada, como sua revelação Divina também retornará.

por Rabi Shmuel M. Butman

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