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Tsha B'Av - Leis e Costumes

Dias de Luto

Quando começa o mês de Av, limitamos ainda mais nosso júbilo, a ponto de evitar qualquer coisa que possa nos alegrar. Assim, não plantamos árvores destinadas a dar sombra, ou somente pela sua beleza. Da mesma forma, não empreendemos qualquer construção ou projetos para reforma da casa apenas pelo luxo, como redecorar ou pintar a residência. Entretanto, se a pessoa não tem onde morar, pode construir uma casa neste período. 

É proibido comprar, costurar, tecer ou tricotar novas roupas - mesmo se a pessoa pretende usar esta roupa somente após Nove de Av. Não se pode nem mesmo comprar uma roupa usada, se a compra for feita por causa de sua beleza. A proibição de adquirir uma roupa nova é mais rigorosa que vestir algo novo que foi comprado previamente.

Deve-se assinalar, entretanto, que estas restrições referem-se apenas a situações onde nenhuma mitsvá esteja envolvida. Com a finalidade de cumprir um mandamento - como por exemplo, adquirir roupa nova para uma noiva ou noivo, ou construir uma casa para eles - estas coisas são permitidas. Se houver motivo para temer que o preço da roupa subirá após Nove de Av, pode-se comprar quaisquer roupas que desejar, mas não se deve usá-las até depois de Nove de Av.

A partir de Rosh Chôdesh Av não se pode lavar roupas, mesmo se forem ser usadas até depois de Nove de Av. Se restar apenas uma muda de roupas, porém, estas podem ser lavadas após Rosh Chôdesh, até a semana que inclui Nove de Av.

Uma pessoa que transpire profusamente e precise mudar a camisa diariamente deveria preparar uma certa quantidade de camisas, e vestir cada uma delas por alguns instantes antes de Rosh Chôdesh. Poderá então usá-las durante a semana em que cair Nove de Av.

Além da proibição de terem o cabelo cortado, os adultos também estão proibidos de cortar o cabelo das crianças, começando a 17 de Tamuz, e de lavar as roupas dos filhos a partir de Rosh Chôdesh Av. As roupas de bebês, entretanto, pode ser lavada - mesmo durante a semana em que cai o Nove de Av. Se possível, não se deve lavar grandes quantidades, e não se deve fazê-lo publicamente.

É proibido calçar-se sapatos novos a partir de Rosh Chôdesh. Entretanto, calçados adquiridos especialmente para o Nove de Av - como por exemplo, feitos de lona ou borracha - podem ser usados mesmo se forem novos.

Pode-se realizar um noivado durante este período, mas não é permitido realizar uma celebração com refeição festiva.

A partir de Rosh Chôdesh até depois de Nove de Av é proibido comer carne ou beber vinho, pois durante este período os sacrifícios e libações no Templo Sagrado cessaram. Pelo costume, esta proibição expandiu-se para incluir alimentos cozidos com carne. Entretanto, pode-se ingerir alimentos que foram preparados numa panela de carne. O costume sefaradita é manter este rigor apenas na semana que inclui Nove de Av. Em uma refeição festiva servida por ocasião de uma circuncisão, pidyon haben, bar mitsvá, ou na conclusão do estudo de um tratado talmúdico, etc. - pode-se comer carne e beber vinho.

Começando em Rosh Chôdesh, é costumeiro para os abatedores rituais deixar as facas de lado. Durante este período, são abatidos animais somente para pessoas doentes, ou para uso em uma refeição festiva.

Costuma-se não usar vinho, mas cerveja, para o serviço de Havdalá.

Começando em Rosh Chôdesh Av [segundo o costume sefaradita, começando com a semana que inclui Nove de Av], não se pode banhar o corpo inteiro - nem mesmo em água fria. Não nos banhamos em piscina, rio, ou mar. Entretanto, se Rosh Chôdesh cair numa sexta-feira, pode-se banhar em água morna em honra ao Shabat.

A proibição acima refere-se especificamente a banhar-se por prazer. Quem precisar banhar-se por razões de saúde - como uma pessoa que recebeu ordens do médico para banhar-se - ou um operário cujo trabalho o faça ficar sujo, pode fazê-lo durante este período.

Na sexta-feira antes de Shabat Chazon - o Shabat imediatamente anterior a Nove de Av - é proibido lavar o corpo inteiro, mesmo em água fria. Pode-se lavar o rosto, as mãos e os pés em água fria. Quem costuma se lavar antes do Shabat com água quente pode usá-la também nesta sexta-feira, mas apenas para lavar o rosto, as mãos e os pés.

Quem costuma imergir num micvê na sexta-feira, pode fazê-lo na sexta-feira do Shabat Chazon também. Entretanto, alguém que apenas ocasionalmente imerge às sextas-feiras, não deve fazê-lo nesta sexta-feira.

Shabat Chazon

O Shabat que precede Nove de Av é chamado Shabat Chazon, pois a Haftará lida neste Shabat é extraída do primeiro capítulo de Yeshayahu, que começa com as palavras Chazon Yeshayahu. Esta haftará é a última das três leituras dos Profetas que falam das calamidades que se abateram sobre Israel, e que são lidas antes de Nove de Av. Costuma-se chamar o líder da congregação para ler a haftará de Chazon.

O versículo - Como posso suportar sozinho o trabalho que me dais, a vossa carga e a vossa contenda (Devarim 1:12), encontrado na porção semanal da Torá lida neste Shabat, é costumeiramente cantado com a lamentosa melodia do cântico de Meguilat Echá. Em algumas comunidades, esta melodia também é usada para entoar a haftará inteira; em outras comunidades, esta melodia é usada apenas para os versículos de admoestação dentro da haftará.

Pode-se comer carne e beber vinho em todas as três refeições no Shabat Chazon, mesmo se coincidir com o próprio Nove de Av [neste caso o jejum é adiado até o dia seguinte]. Entretanto, seudá shelishit - a terceira refeição do Shabat - não deveria ser estendida até a noite, como é habitual nos outros Shabatot. Ao contrário, a refeição deve ser encerrada antes do pôr-do-sol.

Quando Shabat Chazon cai no dia que antecede Nove de Av, a Havdalá inteira não é recitada na conclusão do Shabat, ou seja, não recitamos a bênção sobre o vinho ou sobre especiarias. Ao contrário, apenas a bênção sobre a criação do fogo [borê meorê haesh] é feita. No encerramento de Nove de Av, são recitadas as bênçãos sobre o vinho e a bênção que diferencia entre o sagrado e o secular [hamavdil ben côdesh lechol]. Mulheres que não rezam Ma'ariv devem recitar Baruch hamavdil ben côdesh lechol no sábado à noite, antes de fazer qualquer serviço.

As Leis de Tsha B'Av

 

Há cinco coisas proibidas em Nove de Av: comer e beber, lavar-se, untar-se com óleo, vestir sapatos de couro e coabitar. 

Não há diferença entre a noite (da véspera) e o dia de Nove de Av. Pode-se comer somente antes do pôr-do-sol na véspera de Nove de Av; o crepúsculo é considerado como noite, e alimentar-se é proibido.

Todos devem jejuar em Nove de Av, incluindo mulheres grávidas e mães em fase de amamentação. Quem estiver doente, porém, pode comer, mesmo se sua doença não lhe ameaça a vida. Entretanto, uma pessoa doente deve abster-se de comer iguarias e deveria ingerir somente o que for absolutamente necessário para seu bem-estar físico.

Se Nove de Av cai num domingo e uma pessoa doente precisa comer durante o jejum, deve recitar Havdalá antes de comer [pois Havdalá não é recitado na noite anterior por causa de Nove de Av].

A pessoa não pode enxagüar a boca em Nove de Av, até o fim do jejum.

Lavar-se por prazer é proibido, tanto em água quente quanto fria. Entretanto, se as mãos estão sujas, pode lavá-las. Pode também lavar as mãos após levantar-se pela manhã como faz todos os dias, bem como após usar o banheiro. Entretanto, não pode lavar a mão inteira, mas apenas os dedos. Com os dedos ainda úmidos, pode lavar os olhos com eles. Se os olhos estão sujos, pode enxagüá-los como faz normalmente.

Se a pessoa estiver cozinhando e preparando comida, pode lavar os alimentos, pois a intenção não é lavar as mãos.

A proibição de calçar sapatos aplica-se àqueles de couro. Sapatos feitos de lona ou borracha podem ser usados. Porém, se são cobertos de couro ou se têm solas de couro, não podem ser usados. Se alguém está caminhando em local repleto de espinhos ou numa área povoada de não-judeus [onde sua aparência poderia ser ridicularizada], pode calçar sapatos normais nestes locais.

É permitido banhar um bebê e aplicar óleo em sua pele, da maneira que normalmente é feito.

Todas as proibições acima mencionadas se aplicam a partir do pôr-do-sol na véspera de Nove de Av até o final do jejum.

Como se explicou acima, o estudo de Torá é proibido em Nove de Av porque o estudo de Torá traz alegria à pessoa. Entretanto, pode-se estudar o terceiro capítulo do tratado Mo'ed Catan, que fala das leis de luto e excomunhão. Pode-se também estudar o Midrash do Livro de Echá; Echá com seus comentários, e Iyov com seus comentários, pois estas obras despertam um sentimento de tristeza no leitor. Pode-se também estudar os capítulos de admoestação e calamidades registradas em Yirmiyahu; entretanto, deve-se ter o cuidado de pular aqueles versículos que falam de consolação. A pessoa pode também estudar os trechos do Talmud sobre a Destruição, registrada no Tratado Guitin.

Não se deve cumprimentar um amigo e perguntar como vai em Nove de Av, e não se deve nem dizer "bom dia." Se alguém for cumprimentado, porém, pode responder para não ofender os sentimentos, mas em um tom de voz baixo. É proibido também enviar presentes em Nove de Av.

Em Nove de Av, é costume abster-se de fazer qualquer trabalho que deva ser feito em um período longo de tempo, pois empenhar-se nesse tipo de atividade distrai a pessoa de sentir tristeza. Deve evitar este tipo de serviço na noite da véspera de Nove de Av, e até o meio-dia de Nove de Av. Após meio-dia, este tipo de trabalho não é habitualmente proibido, mas mesmo assim é recomendável que a pessoa seja severa consigo mesma e evite este trabalho até que termine o jejum.

Da noite de Nove de Av até meio-dia, deve-se sentar no chão ou sobre um banquinho com altura não maior que três larguras de mão.

Deve-se evitar andar pelas ruas ou ir ao mercado, para não conversar à toa e assim distrair-se do sentimento de luto. Deve-se certamente evitar atividades que possam levar à leviandade.

Alguns seguem o costume de não dormir em uma cama em Nove de Av; em vez disso, dormem em colchões colocados no chão. Em qualquer dos casos, a pessoa deve variar seus hábitos de dormir; por exemplo, se costuma dormir com dois travesseiros, deve usar apenas um. Algumas pessoas colocam uma pedra sob o travesseiro ou colchão, como forma de relembrar a Destruição do Templo.

É costume iniciar somente após meio-dia o preparo dos alimentos que serão comidos quando terminar o jejum.

Não se deve cheirar perfumes ou especiarias em Nove de Av, nem fumar em público.

Não se deve vestir roupas bonitas em Nove de Av, mesmo que a roupa não seja nova.

Muitos têm o costume de lavar o chão e limpar a casa após meio-dia em Nove de Av, em antecipação da Redenção que aguardamos. Além disso, é uma tradição que o Mashiach nascerá em Nove de Av.

Costuma-se dizer que a pessoa que come ou bebe em Nove de Av sem ter de fazê-lo por razões de saúde não merecerá ver o júbilo de Jerusalém. E quem prantear sobre Jerusalém merecerá ver sua felicidade, como promete o versículo (Yeshayahu 66:10): "Rejubile-se grandemente com ela, todos que por ela pranteiam.

Ao finalizar o Jejum de Tsha B'Av

 

Costuma-se lavar as mãos à noite, quando termina Nove de Av, pois na manhã de Nove de Av, podia-se lavar apenas as pontas dos dedos. 

Como foi mencionado anteriormente, se Nove de Av cai num domingo, e como conseqüência a bênção Havdalá sobre o vinho não foi feita ao final do Shabat, é feita ao final de Nove de Av. Recitamos Havdalá sobre o vinho - embora seja costume abster-se de beber vinho até depois de meio-dia em dez de Av, pois a maior parte do Santuário foi na verdade destruída no dia dez. Ao fazer Havdalá, recitamos apenas as bênçãos sobre o vinho e Hamavdil. A bênção sobre a vela é omitida, pois foi pronunciada após o Shabat, e somente então é pertinente, pois o fogo foi criado no término de Shabat. A bênção sobre especiarias também é omitida, pois aquela bênção também é pertinente apenas ao final do Shabat, quando damos força à nossa alma que chora a perda da alma adicional que se vai com o Shabat.

O Kidush Levaná [a santificação da lua nova] é recitado imediatamente após Ma'ariv que se segue a Nove de Av. Entretanto, algumas pessoas não esperam até Nove de Av, e se apressam para cumprir sua mitsvá tão cedo dentro do mês quanto possível.

A pessoa deve se abster de comer carne. beber vinho, tomar banho ou cortar o cabelo até meio-dia de dez de Av. O Talmud menciona os Sábios, que jejuavam tanto em nove como em dez de Av. Entretanto, se Nove de Av cai numa quinta-feira - quando então o dez cairá numa sexta - a pessoa pode se lavar e cortar o cabelo pela manhã, em honra ao Shabat.

Se Nove de Av cair no Shabat, quando então o jejum é adiado até o dia dez, neste caso, embora não se possa comer carne, beber vinho ou recitar Shehecheyanu à noite após o jejum, pode-se fazê-lo imediatamente na manhã seguinte, sem ter de esperar até o meio-dia. A pessoa pode se lavar e cortar o cabelo na noite após o jejum.

Refletindo sobre este costume

Por Vlamir Dias

O que leva uma pessoa a parar sua vida normal e junto com sua comunidade, abster-se de tudo o que lhe possa alegrar a fim de recordar uma data tão triste e pesada?

Certamente esta prática deve ser vista por muitas pessoas ao redor do mundo, como um costume sem sentido, ou até mesmo de mal gosto. Mas este é um dos grandes diferenciais de nosso povo.

Enquanto o mundo celebra a novidade, e a vida cotidiana é celebrada a todo o vapor, onde canções e artigos, pessoas famosas de todos os seguimentos declaram: "lute pelos seus sonhos"; "não desiste", "celabre a vida" e etc., o povo judeu para para refletir sobre situações que geraram uma perda irreparável para nossa nação. A destruição do Templo Sagrado, o Beit Hamicdash. Aliás o primeiro e o sgundo. E não epnas isso mas mutas outras situações igualmente pesadas ocorreram nesta data.

E por que?

Certamente a alegria e a celebração da vida é algo muito presente no Judaísmo como um todo. Servir ao Eterno com alegria chega a ser um mandamento e uma das frases chave do chassidismo do Baal Shem Tov _ de abençoada memória, mas parar e meditar sobre as razões que causaram a destuição de algo tão importante como o Beit Hamicdash é tão importante quanto, já que aquele que aprende com os erros passados e prepara-se para corrigir seus passos a fim de não cometê-los novamente em seus dias, faz um grande serviço a si mesmo ao próprio Eterno uma vez atua diretamente para o Tikun Olam, a retificação de todas as coisas.

Nossos sábios ensinam que quem corrige seus próprios passos corrige todo o mundo a sua volta.

Então neste dia nós paramos e refletimos, nos entristecemos e ficamos contritos, nos lamentamos pelos erros do passado, não como quem julga pessoas, ou procura responsáveis, mas analisa o que causou e como isso pode ser evitado no futuro.

Talvez a maior lição que fica pra nós, é ver que atitudes tomadas lá atrás, geraram uma configuração no tempo e espaço, que estão se repetindo a cada geração. Isto é um sinal de que ainda não estamos praticando Mitsvot e estudando Torah com força suficiante para mudar esta realidade.

Não nos enganemos. É muito fácvil culpar situações e circunstâncias e ainda nos declaramos isentos de responsabilidade por coisas realizadas por outras pessoas, mas se nossos sábios nos avisam sonre isso, sobre a possibilidade de corrigir o mundo ao nosso redor, corrigindo os nossos próprios caminhos, certamente sabem o que estão falando.

Que esta data nos faça crescer e que haja mérito em nossos caminhos para trazer Mashiach e corrigir de vez o que ainda falta!

Fonte: Chabad

Como agir na véspera de 9 de Av?

 

Refeições:

 

Quando se aproxima o fim do dia, a pessoa deveria fazer a refeição final. Nesta refeição, não se pode ingerir os dois tipos de comida cozida, mesmo se forem da mesma variedade - i.e., dois tipos de macarrão. Mesmo se o alimento cozido é geralmente ingerido cru, neste caso adquire o status de um alimento cozido.

Costuma-se comer um ovo cozido ou lentilhas na refeição final, como sinal de luto. A pessoa não deve servir-se de nenhum outro alimento cozido, e deve comer pão, laticínios ou frutas. Alguns observam o costume de comer um pedaço de pão que foi mergulhado em cinzas.

Costuma-se fazer a refeição final sentado no chão, ou em um banquinho baixo. Segundo algumas pessoas, há um significado oculto em colocar um tapetinho ou pedaço de pano, para não sentar-se diretamente sobre o chão. Não é necessário tirar os sapatos antes de fazer a refeição.

Após a refeição final, se o sol ainda não se pôs, a pessoa pode continuar comendo - desde que não pretenda ou declare que aceitou o jejum. Entretanto, se a pessoa não pretendesse comer novamente porque estava satisfeita, pode comer outra vez desde que não tenha tido a intenção de aceitar o jejum ainda. É correto declarar ou ter a intenção específica de que não se impôs o jejum até o pôr-do-sol.

O estudo de Torá em 9 de Av

 

O estudo de Torá é proibido em Nove de Av, pois o versículo (Salmos 19:9) declara: "Os estatutos de D'us são corretos, rejubilam o coração," e quem esteja de luto está proibido de rejubilar-se. O costume é abster-se de estudar Torá a partir do meio-dia da véspera de Nove de Av.

Algumas pessoas têm o costume de fazer uma refeição completa - sem carne ou vinho - no início da tarde [antes da refeição final] para que o jejum não lhes cause mal-estar.

Este costume serve também como uma comemoração do caráter festivo tanto da véspera de Nove de Av quanto do próprio Nove de Av, durante o período do Segundo Templo Sagrado. Durante este período, os quatro dias de jejum que comemoram a destruição do Primeiro Templo Sagrado foram celebrados como dias festivos, e as pessoas comiam, bebiam, e se alegravam até mesmo no próprio Nove de Av. Nós, que não tivemos o mérito de consolo, comemoramos esta festa em lembrança do que foi e do que será novamente no futuro, quando o Templo Sagrado for reconstruído - que seja brevemente em nossos dias. Este costume demonstra nossa fé e confiança em D'us e nossa antecipação da salvação.

As rezas e orações vespertinas

As preces vespertinas são recitadas mais cedo que de costume, para permitir tempo suficiente para a refeição final, e Tachanun é omitido, pois o versículo (Echá 1:15) refere-se ao Nove de Av como sendo uma Festa.

Na véspera de Nove de Av, não se deve passear descuidadamente em locais públicos, com o espírito relaxado, para que não ocorram risos e frivolidades.

Três pessoas não devem fazer juntas a refeição final. Se o fizerem, não deverão recitar juntas a Graça após as Refeições.

Pode-se comer frutas frescas e vegetais à vontade durante a refeição final, embora alguns não comam saladas vegetais como acompanhamento. Pode-se beber chá ou café depois.

Qualquer alimento que consista de duas variedades que são geralmente cozidas juntos em uma panela é considerado como sendo um prato cozido sozinho. Os devotos, entretanto, comem somente um pedaço salgado de pão seco com um copo de água. O Talmud (Tratado Ta'anit 30a) registra:

Este era o costume de R. Yehudá bar Ilai: Na véspera do Nove de Av traziam-lhe um pedaço de pão salgado seco, e ele sentava-se perto do fogão [o lugar mais feio na casa (Rashi)] e ele o comia junto com um copo de água, como aqueles cujo parente morto jazia à sua frente.

Como agir durante o jejum de 9 de Av?

 

O jejum de Tish’a BeAv recorda a destruição dos dois Templos Sagrados em Jerusalém. De acordo com nossos sábios, muitos eventos trágicos aconteceram a nossos antepassados nesta data:

1. O pecado dos espiões fez com que D'us decretasse que os filhos de Israel que saíram do Egito não seriam permitidos de entrarem na terra de Israel;
2. O primeiro Templo foi destruído;
3. O segundo Templo foi destruído;
4. Betar, a última fortaleza a resistir aos romanos durante a Revolta de Bar Kochvá, no ano de 135 foi vencida, selando o destino do Povo Judeu.
5. Um ano depois da queda de Betar, a região do Templo foi arada.
6. Em 1492, o Rei Ferdinando da Espanha emitiu o decreto de expulsão, marcando Tisha BeAv como prazo final para que não houvesse um único judeu no solo espanhol.
7. A 1ª Guerra Mundial teve início em Tisha BeAv. 


Durante este período de jejum existem algumas proibições:

1. Comer e beber. Meninas a partir de doze anos e meninos a partir de treze anos precisam jejuar o período inteiro e cumprir todas as leis referentes a Tish'á Beav. Crianças menores devem ser sensibilizadas para compreender a importância do dia, renunciando a guloseimas. Se houver necessidade de alimentação por ordem médica, deve se consultar um rabino como proceder.
2. Calçar sapatos (mesmo parcialmente) de couro.
3. Lavar-se (inclusive enxaguar a boca). Ao acordar pela manhã (e após ir ao toalete) a ablução só é permitida sobre os dedos das mãos.
4. Usar óleo, creme, perfume ou maquiagem.
5. Ter relações conjugais.
6. Saudar uma pessoa. Se cumprimentado, deve-se responder em voz baixa, para não despertar ressentimentos.

À TARDE
Realiza-se uma refeição completa que antecede o jejum (Seudá Hamafsêket) com pão. Ao final ingere-se um ovo com um pouco de cinzas. 

À NOITE
Após Arvit, lemos o Livro de Echá, (Lamentações) na tradicional melodia triste. Logo após a leitura de Echá e as Kinot da noite, recita-se Veatá Cadosh e Alênu.

EM TISHÁ BEAV

DE MANHÃ
Nas Bênçãos Matinais omite-se "...sheassá li col tsorki" ("...que me proveu de todas as minhas necessidades"), pois esta bênção vem em agradecimento ao calçado e, em Tish'á Beav, é proibido usar sapatos de couro. Mesmo quando já se calçam os sapatos ao término do jejum, esta bênção continua não sendo recitada até o dia seguinte.

Talit e tefilin não são usados durante Shacharit. Após Shacharit recitam-se Kinot. Em seguida, recita-se Ashrê, Uvá letsiyon (omitindo o versículo Vaani zot beriti... vead olam") e Alênu. Repetimos o Livro de Echá após Alênu. Neste dia não falamos Tachanun (súplicas).

À TARDE
Antes da oração de Minchá, coloca-se talit e tefilin e recita-se o Shemá completo. Iniciamos com os trechos que não foram recitados de manhã: Shir Shel Yom, En K'Elokênu e Tehilim. Também estudamos a porção diária do Chumash com Rashi e Tanya.

Na Amidá de Minchá acrescenta-se Anênu e também Nachêm ("Consola-nos") em lembrança do Templo Sagrado, incendiado nessa hora. É costume doar para tsedacá o valor das refeições deste dia. Os que colocam Tefilin de Rabenu Tam, devem fazer isto após Minchá, antes do pôr-do-sol.

À NOITE

Procedimentos: 

1. Oração de Arvit.
2. Lava-se as mãos 3 vezes intercaladas (dessa vez, a mão toda até o pulso, sem recitar a bênção al netilat yadáyim).
3. Lava-se o rosto e enxagua-se a boca.
4. Calça-se os sapatos de couro.
5. Quebra-se o jejum.
6. Faz-se a prece de Kidush Levaná (santificação da Lua Nova).

Vigoram até meio-dia DO DIA SEGUINTE todas as proibições dos Nove Dias, porque o Templo continuou em chamas durante o dia dez de Av. Nossos Sábios prometeram que quem fica de luto pela destruição de Jerusalém merecerá ver o júbilo de sua reconstrução.

As três preces de Tsha B'Av

Ma'ariv 

À noite, o serviço de Ma'ariv é o mesmo que nos dias de semana normais. Após Shemonê Esrê (Amidá), diz-se o Cadish e Echá (Lamentações) é lido, seguido pelo recital de Kinot. Depois de Kinot, dizemos Veatá Cadosh, que é seguido por Cadish. A estrofe de Titcabel é omitida deste Cadish, e também do Cadish recitado ao final de Shacharit. Em Minchá, entretanto, Titcabel é incluído no Cadish.

Titcabel é omitido porque é uma petição para que nossas preces sejam aceitas. Como lemos em Echá (3:8) que: Minha prece foi calada, como podemos pedir a D'us que aceite nossas preces se elas foram caladas! Algumas pessoas não omitem Titcabel do Cadish recitado após Shemonê Esrê, porque Echá ainda não foi lido.

Nossos Sábios (Echá Rabá) escrevem: D'us disse [aos anjos na época da Destruição]: O que faz um rei mortal quando está de luto? Apaga as lanternas [em seu palácio]. Eu também farei o mesmo, como diz o versículo (Yoel 2:10): O sol e a lua escureceram.

À noite, uma única luz é acesa no púlpito da sinagoga, e a cortina (parochet) é removida da Arca Sagrada. É substituída antes de Minchá. Em muitas comunidades sefaraditas, costuma-se apagar todas as luzes na sinagoga e acender uma pequena lamparina. O chazan então anuncia o número de anos que se passaram desde a destruição do Templo Sagrado. Por exemplo, em Nove de Av do ano hebraico de 5762 (2002), ele anunciou que mil, novecentos e trinta e quatro anos se passaram desde a destruição do Segundo Templo Sagrado.

Em comunidades sefaraditas e na maioria das ashkenazitas, Echá é lido de um livro impresso, em vez de em um rolo, e nenhuma bênção é recitada antes da leitura. As comunidades ashkenazitas que seguem o costume do Gaon de Vilna lêem Echá de um rolo de pergaminho, e recitam a bênção de Al Micrá Meguilá antes. Quando Echá é lido pela manhã, nenhuma bênção é recitada.

Ramá escreve que a cada vez que é lida a palavra Echá [i.e., no início dos capítulos], o leitor deve empostar a voz.

Levush escreve que o costume de não ler Echá de um rolo de pergaminho - mesmo se a obrigação de ler publicamente for maior que aquela de outras meguilot - está baseado no fato que rolos de Echá são raros. Os escribas não escreviam habitualmente esta Meguilá, como uma expressão da ânsia e grande antecipação do tempo em que Nove de Av será transformado em um dia de júbilo e felicidade. Então, devido a escassez de rolos de pergaminho, tornou-se habitual ler Echá de um livro impresso.

A congregação escuta atentamente a recitação da Meguilá pelo ledor. Quando o versículo de Hashivenu é lido [o penúltimo versículo de Echá], a congregação recita o versículo em voz alta, seguida pelo ledor. Este então lê o último versículo, após o que a congregação repete Hashivenu mais uma vez como faz o ledor.

Se Nove de Av cai num sábado à noite, a prece de Vihi Noam é omitida. O tema desta prece é a compleição do Tabernáculo e não se apropria a Nove de Av, quando choramos a destruição.

Veatá Cadosh é recitada após a leitura de Echá - mesmo quando Nove de Av não cai numa noite de sábado. O primeiro versículo desta prece - "E um redentor virá a Tsiyon" - é omitido, pois a tradição ensina que a redenção não virá à noite. O versículo "E este é meu pacto" também é omitido, pois estamos proibidos de estudar Torá, e portanto não aparece, como se estivéssemos estabelecendo um pacto com D'us a respeito da Destruição.

A pessoa que estiver de luto [sentando shivá] não deve ir à sinagoga para a leitura de Echá e para o recital de Kinot. Alguns decretam com maior severidade, e afirmam que durante os três primeiros dias do período de sete dias de luto, a pessoa não deveria sair de casa. Isso se aplica especialmente à noite de Nove de Av, pois somente poucos Kinot são lidos na sinagoga nesta ocasião.

Shacharit

Alguns seguem o costume de omitir a bênção de "Que concedeu-me todas minhas necessidades" nas bênçãos matinais. Esta bênção é recitada, em vez disso, à noite, após o jejum, quando sapatos normais são novamente colocados. Alguns omitem a bênção de "Que coroa Israel com glória" pela manhã, e a recita apenas quando colocam tefilin em Minchá. A maioria das comunidades ashkenazitas recita a bênção pela manhã, do modo costumeiro.

O talit grande não é colocado pela manhã, mas o talit menor [i.e., os tsitsit geralmente vestidos sob a camisa] é vestido como de costume. Não colocamos tefilin em Shacharit, mas colocamo-nos, em vez disso, em Minchá. A base para esta última regra é o fato de que tefilin são chamados de nossa "glória" e em Nove de Av nossa glória está ausente. A fonte para a regra anterior é o versículo de Echá (2:17), que declara: Ele cumpriu sua declaração, que o Targum interpreta como "Ele rasgou seu talit," um jogo com as palavras hebraicas. Algumas comunidades têm o costume de vestir o talit e tefilin em casa, recitando o Shemá, e depois irem à sinagoga para Shacharit. Outros vestem o talit e tefilin para Shacharit, mas os tiram antes de ler Echá e recitar Kinot.

O serviço de Shacharit é o mesmo que nos dias de semana normais, exceto por pequenas alterações relacionadas ao jejum. Ao repetir Shemonê Esrê, o chazan insere Anenu entre as bênçãos de Goel Yisrael e Refaenu, como é feito em todo dia de jejum. Aqueles que seguem o rito sefaradita recitam Anenu no Shemonê Esrê silencioso na bênção de Shemá Colenu. Tachanun não é dito em Nove de Av, pois o dia é chamado de um moed - um dia festivo. A bênção sacerdotal é omitida durante Shacharit, mas é recitada em Minchá.

O salmo do dia e En K'elokenu são omitidos ao final de Shacharit. Costuma-se dizer estas preces antes de colocar tefilin em Minchá. Quando à inserção da prece Nachem em Shemonê Esrê: em algumas comunidades esta é dita pelo chazan durante a repetição de Shemonê Esrê de Shacharit. Nas comunidades ashkenazitas, Nachem é recitado apenas em Minchá.

A Torá é retirada da arca sagrada e três pessoas são convocadas. A leitura é feita da porção de Vaetchanan, começando com o versículo (Devarim 4:25): "Será quando gerardes filhos...", o que fala da destruição da terra. Um capítulo de Yirmiyahu (8:13-9:23), que fala da Destruição, é lido como a haftará do dia.

Após a leitura da Torá, Kinot são recitados e são seguidos, em algumas comunidades, pela repetição da leitura de Echá - sem uma bênção. Em seguida, dizemos Ashre, omitindo Lamenatseach pois Nove de Av é chamado de um moed - um dia festivo - e prosseguimos com Uva Letsiyon. Dentro da última prece, o versículo "E este é Meu pacto" é omitido.

Algumas comunidades têm o costume de quando a primeira pessoa é chamada para a Torá, diz em silêncio Baruch Dayan Ha'emet - "Bendito seja o Verdadeiro Juiz" [sem mencionar o nome de D'us] - a bênção geralmente recitada após ser informado sobre uma morte, ou notícias muito ruins, imediatamente antes de recitar a bênção requerida na leitura da Torá.

Quando ocorre uma circuncisão em Tish'á Beav, é realizado após a recitação de Kinot, e o vinho é dado a uma criança pequena ou à mãe do bebê. Se Nove de Av cai no Shabat, e portanto o jejum é adiado até domingo [e se a circuncisão for no domingo], então depois de meio-dia o pai, o mohel e o sandac podem trocar de roupa e também podem comer. Porém, uma grande refeição festiva é feita somente a noite.

Alguns têm o costume de visitar o cemitério em Nove de Av. Os anciãos de Jerusalém costumavam caminhar em volta das muralhas da cidade, de modo a despertar um sentimento de dor vendo as ruínas da cidade.

Costuma-se fazer caridade em todo dia de jejum, pois nossos Sábios disseram que a recompensa para o jejum vem através da caridade que é feita aos pobres naquele dia.

Minchá

Em Minchá, colocamos talit e tefilin, e lemos a porção de Vayechal (Shemot 32) seguida pela haftará de Dirshu Hashem (Yeshayahu 55:6 - 56:8) como em todo dia de jejum. Em Shemonê Esrê a prece de Nachem é acrescentada à bênção de Bonê Yerushalayim e Anenu é acrescentada à bênção de Shomea Tefilá. Por que Nachem é adicionada em Minchá, ao invés de em Shacharit? Porque foi durante a tarde - na hora em que é recitada o Minchá - que o Templo Sagrado foi incendiado [e continuou a queimar até o final de dez de Av]. Outros dizem que a razão para a omissão de Nachem durante Shacharit é que pela manhã, a pessoa é considerada igual a alguém cujo parente falecido jaz à sua frente, insepulto, ou seja, não está receptiva a palavras de consolo. Portanto, esperamos para dizer Nachem até Minchá, quando a pessoa é passível de ser consolada.

  Pessoas que estão doentes, ou menores de idade, que se alimentarem em Nove de Av, mesmo assim recitam Nachem em Minchá. Quem se esquecer de recitar Nachem ou Anenu não repete Shemonê Esrê.   

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