Yom Hazicaron
Sobre cada data festiva do Calendário Judaico há muito a ser dito e dificilmente alguém poderá esgotar os assuntos e conceitos relacionados a cada uma delas.
Começaremos com Rosh Hashanah por estarmos próximos, no momento em que começamos a organizar esta seção do site, desta data, sem no entando relacionarmos a ordem em que as datas aparecem no menu, com maior ou menor importância entre elas, uma vez que cada uma possui seu valor e importância ainda que existam aquelas que, por estar previstas desde o Sinai na Torah, são consideradas como principais; como Pêssach que marca a saída do Egito, Shavuot, quando a Torah foi outorgada no Sinai e Sucot, a festa das cabanas.
Por hora vamos aprender sobre o significado de Rosh Hashanah e sua importância.
O DIA DO ANO NOVO JUDAICO
Esta não é uma data relacionada apenas com celebração e alegria, mas é uma época de intensificação de nossas rezas e orações, principalmente no dia de Rosh Hashanah. Este dia é chamado de Yom Hazicaron ou "Dia da Memória", por que nesta data todas as criasturas são trazidas a "memória do Eterno para que sejam julgadas pelo Criador de acordo com seus feitos. Méritos e deficiências serão colocados na "Balança Divina".
Os mandamentos descritos na Torah, apesar dos que dizem o contrário, não possuem caráter punitivo, mas denotam toda a chéssed (benevolência) Divina. Lembre-se que o Juiz de toda a terra é extremamente bondoso e todos os Seus atos são para o bem de Suas criaturas. Para levá-las para junto de si mesmo.
O MÊS DE ELUL
Durante o mês de Elul, tomamos a tarefa de refletir e corrigir nossos caminhos com uma intensidade ainda maior do que temos feito diariamente. É um período muito propício ao arrependimento quando, dizem nossos sábios "o Rei sai aos campos", para ouvir seus súditos. É um momento imperdível para aqueles que desejam aproximar-se ainda mais do Eterno, pois existe uma tendência ainda mais forte de que ELE, o Juíz de Toda a Terra, aceite o arrependimento dos que buscam Teshuvah.
A esperança firmada no coração de cada judeu especialmente na noite de Rosh Hashanah é a de poder recomeçar um novo período de tempo neste mundo, renovado, com condições de seguir em frente sem o peso dos erros cometidos nos dias passados.
O JEJUM DE GEDALIÁ
O Jejum de Gedaliá ocorre no dia seguinte a Rosh Hashanah e vai do alvorecer ao por do sol. Vamos entender um pouco sobre este momento e saber por que está situado entre Rosh Hashanah e Yom Kippur.
De onde vem este costume?
Quando o primeiro Templo foi destruído a cerca de 2.500 anos atrás, a maior parte do povo judeu foi para o exílio nas terras de Babilônia. anos antes, o Reino do Norte, conhecido como Reino de Israel já havia sofrido pelas mãos da Assíria. Chegara porém a vez do Reino do Sul, o Reino de Judá.
Nabucodonossor, o rei de Bavel (Babilônia) acabou por permitir que alguns judeus permanecessem nas terras de Israel. Foi neste período que um homem justo chamado Gedaliá foi nomeado pelo rei como governador do território recém conquistado. quando esta notícia se espalhou, vários judeus que haviam escapado da guerra fugindo para os países vizinhos começaram a voltar.
Apesar de uma aparente normalização, Gedaliá era realista quanto a situação que enfrentavam e aconselhava as pessoas a cooperarem com a nação invasora a fim de protegerem-se e poupar problemas e retaliações sobre o pouco que havia sobrado.
Havia porém um homem chamado Yishmael ben Netaniah, para o qual este tipo de situação de subserviência era intolerável. E ele não era o único, haviam muitos outros que pensavam assim. Yshmael conseguiu muitos seguidores espalhando um sentimento de revolta e criado um levante entre os poucos que haviam ficado. No dia 3 de Tshrei, de forma traiçoeira Yshmael tramou e assassinou Gedaliá, alguns judeus e mesmo alguns babilônicos.
Após este trágico evento, o povo começou a temer uma retaliação do rei da Babilônia uma vez que Gedaliá havia sido empossado por ordem deste. Muitos pensaram em fugir e até cogitaram ir para o Egito, mas lembraram-se que este era um povo moralmente corrupto e se viram entre o perigo de uma retaliação física ou o perigo espiritual de habitar num lugar de impurezas, o que lhes poderia causar uma "morte" muito pior diante de D'us.
Foram então ao profeta Yrmeyahu, buscar orientações. este por sua vez estava recolhido em luto pela situação do povo.
Yrmeyahu Hanavi, implorou aos céus durante toda uma semana por respostas. Somente em Yom Kipur, o profeta teve uma resposta. O profeta aconselhou o povo a permanecer em Israel pois tudo terminaria bem. Segundo o profeta, o Eterno D'us faria com que os babilônicos agissem com misericórdia e em pouco tempo os exilados estariam de volta as terras de Israel. MAs o profeta também alertou que se insistissem em fugir parea o Egito a espada os alcançaria.
Infelizmente o profeta não foi levado a sério embora tenha ido prdir-lhe um conselho. As pessoas estavam tão determinadas a seguir com o plano de descer ao Egito que chegaram até mesmo a sequestrar o profeta e levá-lo com eles. neste momento o trabalho destrutivo iniciado pelo rei de Babilônia estava realmente completo pois não havia mais ninguém em Erets Israel. A terra ficou vazia.
algum tempo se passou e uma sensação de alívio já corria no pensamentos dos judeus exilados no Egito. Mas o rei de Babilônia invadiu o Egito e também o conquistou. |Neste momento milhares de exilados judeus foram mortos. O profeta que havia descido ao Egito contra a sua vontade, foi o único sobrevivente.
O assassinato de Guedaliá – tem sido comparado à destruição do Templo Sagrado, porque custou vidas judaicas e foi o fim da colonização judaica em Israel durante muitos anos. Os Profetas, portanto, declararam que o aniversário dessa tragédia deveria ser um dia de jejum. É o terceiro dia de Tishrei, imediatamente depois de Rosh Hashaná.
Lição nº 1 - O povo judeu tinha caído a um de seus níveis mais baixos na História. O Templo fora destruído, a maioria dos judeus tinha sido exilada, e tudo parecia desesperador. Porém D'us mudou esta situação desesperada e fez com que o justo Guedaliá fosse nomeado. Porém Guedaliá foi assassinado por um judeu e toda a esperança se perdeu.
Foi a essa altura que Yirmiyáhu rezou, pedindo a D'us alguma visão e certeza. Isso foi durante os 10 dias entre Rosh Hashaná e Yom Kipur. Esta história é relembrada para nos ensinar uma importante mensagem para os dias de hoje: Não importa quão distante você esteja, sempre poderá voltar e D'us o perdoará.
Lição nº 2 - Os judeus que foram pedir conselho a Yirmiyáhu tinham certeza, subconscientemente, que D'us lhes daria a resposta que desejavam ouvir. Portanto, quando D'us respondeu de modo diferente, eles se rebelaram. Porém, não eram pessoas perversas. O que aconteceu?
Embora estes judeus de certa forma dependessem da vontade dos babilônicos, não estavam dispostos a dependerem da vontade de D'us. A lição é que apegar-se a D'us significa segui-Lo o tempo todo, não somente quando isso coincide com aquilo que você deseja.
Uma boa regra na vida, quando se enfrenta um dilema moral traiçoeiro, é perguntar a si mesmo: "O que D'us diria? O que Ele deseja que eu faça?"
Lição nº 3 - Quando um judeu mata outro, é uma enorme tragédia, terrível, que pode ter enormes repercussões históricas. Não há desculpas para tal violência. Temos diferenças filosóficas e políticas? Devemos resolvê-las com calma e tolerância. É a única maneira aceitável.
LEIS E COSTUMES
Lembre-se que, como todo Yom Tov, existe o prodimento de acender as velas que marcam a saída do dia anterior e a entrada do Yom Tov.
Ao cair da tarde, como num dia de Shabat, acendemos as velas de Rosh Hasahanah.
Rosh Hashanaha é considerado o Dia de Julgamento e também o Dia de Aniversário do Universo. Como em todas as datas de nosso calendário, existem costumes específicos também neste.
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Costuma-se visitar o túmulo dos justos e de parentes para solicitar que intercedam perante o Trono Divino por nosso bem. É claro que este é um costume realizado em cemitérios judaicos e não se aplica aos demais.
É importante observar isto, por que você lerá sobre este costume em muitos sites e outros meios e pode ficar imclinado a fzer o mesmo em locais onde seus parentes estejam sepultados. Mas esta é uma tarefa que não podemos trazer sem esclarecimentos para os nossos dias. Nunca se esqueça de que não nascemos em lares judaicos e não tivemos a elgria de ver nossos entes falecidos nascerem também. Assim, no caso de pessoas que como nós viemos de sistemas de idolatria e estamos buscando viver a Torah, devemos optar por intensificar nossas rezas e cumprimentos de mitsvot em direção a nossa teshuvah, nosso retorno ao Eterno (no sentido de arrependimento e retificação de nossos atos).
Aproveite este período entre Rosh Hashanah e Yom Kippur para fazer exatamente isso, recite as selichot, recite salmos, faça suas orações expontâneas e caminhe em direção ao Eterno corrigindo tudo o que sua mão alcançar mas principalmente contando com a ajuda do Eterno para ir bem mais longe, pois sem ELE, não há como prosseguir.
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Tsedacá - Também é costume doar tsedacá aos menos afortunados e pobres em nossas congregações para que eles também tenham como cumprir suas mitsvot em relação a estes dias de festas.
Note que esta tsedacá é voltada para aqueles que fazem parte de nossa congregação e desejam cumprir as mitsvot relacionadas com Rosh Hashanah.
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Hatarat Nedarim - Esta também é uma data de anulação de promessas feitas que não conseguimos cumprir e de buscar perdão por as haver feito. É por isso que cantamos Kol Nidrei.
Este costume vem da época em que nossos antepassados na Península Hibérica foi obrigado a se converter a força e a jurar e dizer rezas em nome da idolatria imposta. Nesta data, com a cantilação do Kol Nidrei, de forma lamentosa e com grande contrição, eles clamavam aos céus pela anulação dos votos e promessas que fizeram pela imposição da religião cristã.
Hoje aproveitamos este momento para anular promessas que fizemos e que infelizmente não conseguimos cumprir. Veja como é importante a comunidade. Esta prática só pode ser realizada na Sinagoga e com a presença do minian; 10 homens judeus.
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Comer uma fruta da nova estação.
Costuma-se ainda comprar uma fruta da nova estação para que se possa recitar a Brachá Shechecheyánu - pág 245 de nosso SIDUR - no acendimento das velas e no kidush da segunda noite, quando dois dias são guardados pelas Sinagogas tradicionais na Galut.