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Chanuká

Como óleo que não se mistura...

Não, não, não, mil vezes não! Chanuka não é o Natal judaico, mesmo que geralmente seja celebrado na mesma época. Na verdade, o dia do mês judaico é idêntico _ o Natal é no dia 25 de dezembro e Chanuka, no dia 25 de Kislev. É verdade também que entre todas as festas judaicas, muitos judeus que vivem em países cristãos tornaram Chanuka a mais comemorada; afinal de contas, não queremos que nossos filhos se sintam alienados quando todas as crianças estão recebendo presentes. Como o Natal, Chanuka sofre do mesmo mal; tornou-se uma data excessivamente comercial. Todavia Chanuka veio antes do Natal e, ironicamente, sua mensagem principal é que os judeus não devem assimilar ou imitar as práticas religiosas dos seus vizinhos!

O relato de Chanuka começa com o confronto entre as culturas grega e judaica. Enquanto o helenismo cultuava a sacralidade da beleza, o judaísmo cultuava a beleza da sacralidade. Em matéria de idolatria ao corpo, excelência nos esportes e ginásios que eram modelos para os jogos olímpicos, os gregos eram mestres. O helenismo glorificava o físico, os judeus sustentavam a primazia do espírito.

NO século 2A.E.C. eclodiu em Israel uma batalha pelos corações e almas dos judeus. A triste verdade é que muitos judeus morderam a isca sedutora do estilo de vida grego e seguiram a filosofia dos epicuristas, cujo ensinamento era que o prazer seria o objetivo central da vida: “Coma, beba, e seja feliz, pois amanhã você pode estar morto”. Estes judeus se autodenominaram helenistas. Os judeus tradicionais referiam-se a eles como epicuristas, ainda muito utilizada hoje em dia para rotular alguém de herético.

Quem sabe o que teria acontecido se o helenismo tivesse permanecido como uma opção voluntária. Estranhamente, o antissemitismo às vezes é uma bênção às vezes é uma bênção disfarçada. Em 175 A.E.C., Antiocus Epifânes tornou-se rei da Síria. Com o objetivo de unificar seu reinado ordenou que todos os moradores estavam obrigados a seguir a cultura e a religião grega. Antiocus foi particularmente severo em Israel, onde proibiu o cumprimento do Shabat, das leis da Cashurut e da circuncisão; quem o desrespeitasse seria condenado a morte. Ele profanou o Templo ao sacrificar porcos sobre o Altar e colocar uma estátua de Zeus (que seu nome seja apagado da face deste mundo); dentro dele. Isso passou dos limites até mesmo para aqueles judeus que há muito tempo haviam assimilado a cultura grega.

Por isso os sacerdote judeu (sim, os líderes religiosos judeus da época eram conhecidos como sacerdotes) Matatias e seus cinco filhos lideraram uma rebelião contra aqueles que mancharam a reputação do Templo. “Quem for por D’us que me siga”, gritou Matatias. Milagrosamente, conseguiu arregimentar tantos seguidores que acabou derrotando um império. Sua família era conhecida como a família dos macabeus, que em hebraico significa “martelos”. O nome era um tributo à força dos seus integrantes, especialmente o filho que provou ser o mais ousado e corajoso _ Judas Macabeus.

Os macabeus martelaram tanto os sírios-gregos que, em dezembro de 164 A.E.C., conseguiram retomar o Templo, remover todos os ídolos e consagrar novamente o santuário para D’us. A palavra em hebraico para consagração é chanuka _ e foi assim que surgiu este feriado.

Contudo, as coisas não terminaram assim, um grande milagre provou que D’us estava por trás da vitória fantástica dos macabeus. Havia no Templo uma menorah, um candelabro cuja luz era o símbolo da Presença Divina e da santidade da Sua casa. Para que fossem cumpridos os rituais exigidos para o acendimento da menorah era necessário óleo casher que, preparado de maneira especial, adequa-se ao uso sagrado. Infelizmente, assim que os macabeus reinauguraram o Templo, deram-se conta de que havia óleo suficiente para apenas um dia e que precisavam de oito dias para a produção de uma quantidade suficiente do óleo.

Eles acenderam a menorah com o que tinham e, para surpresa geral, descobriram, que o pequeno cântaro de óleo, suficiente para um dia durou oito. A primeira crise de combustível da história, foi resolvida por intervenção Divina!

O que faz isso tão importante é que eles também perceberam, a exemplo do relato de Purim, que D’us estava o tempo inteiro por trás dos acontecimentos. Assim como o óleo durou muito mais do que teoricamente poderia durar, por milagre, os judeus também sobreviveram e venceram desafios tidos como impossíveis porque D’us estava com eles.

H[a mais uma coisa sobre o óleo que explica o porquê do relato de Chanuka tê-lo como o centro das atenções. À exceção do óleo, todos os demais líquidos misturam-se facilmente entre si. Agora, tente misturar óleo e água: o primeiro se separa e sobe. O encontro com o helenismo, quando o judaísmo quase pereceu através da assimilação, chegou ao fim com um milagre muito apropriado que envolveu um líquido único: o óleo, que se recusa a “assimilar-se”.

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